domingo, 22 de março de 2009

Clementine


Todos temem o fracasso. E então o que fazemos ao nos depararmos com este ser, nobremente vestido, com um ar debochado no canto da boca, nos olhando por cima e se convidando a entrar ? Entramos em pânico ? Não, o medo paralisa. Simplesmente ignoramos, solução fácil. Fechamos as portas, buscamos novas rotas de fuga pra começar de novo.

Clementine não foi fracassada, apenas o começou errado, antes do que devia (ou ainda ignorou a presença desse senhor?) Mas porque fazemos tantas promessas que não podemos cumprir ? Acho eu que para acreditar na auto superação... e dá certo ! As forças surgem do nada para o cumprimento de tais leis impostas por nós mesmos... mas é doloroso... e como...agora só resta saber se vale a pena...

Amelie Poulain


Sim, talvez eu seja a louca, surda e cega que possui um olhar tosco do mundo, infantil e irreal, onde tudo é possível, onde tudo é fantasia. Talvez seja essa recusa do real uma covardia... Mas onde estão aqueles que lutam pelo real, para que seja ele real ? Onde aqueles que acreditam na vida e no desenrolar de uma súbita felicidade?

Meu olhar se esgueira por sombras de cerejeiras onde pequenas vidas perpassam livres. Livres da sombra, da cereja e da criança no balanço. E a vida passa como numa tarde no parque. Ao entardecer a sombra laranja passa por baixo da cerejeira, mais fraca, mais densa, iluminando a menina no balanço, tornando sua silhueta iluminada, seus cabelos brilhantes. O caminho escuro de outrora recebe um tapete vermelho alaranjado para que ela siga, sem medo. E a menina segue assim, cega pela luz e não pela escuridão, surda pelo caminhar das formigas, louca de saudade do dia que se acaba naquele instante, mas vívida por outra que se inicia a seguir.

Os outros, os sãos, onde estão ? Provavelmente fora do parque, longe da árvore, dentro de suas casas, seguros em suas visões reais de pedras e metais.