domingo, 30 de agosto de 2009

Juramento de uma mente sem lembranças


Não sei ou não entendo.
Juro.
Muitas das vezes sua fala não tem eco, não faz sentido.
E de um esforço Hercúleo tento extrair o odor bom ou ruim de seu pensamento que se esvai sem freio. Como uma pororoca forte e desmesurada, arrancando as raízes outrora firmes e sólidas.

Eu tento, juro.
Mas minha ignorância nesses fatos se mostra intolerante, impaciente, indecisa e apressada.

Eu faço, creio. Cria fosse assim o caminho que havíamos juntos traçado, sonhado. Eu faço o que posso e o que também não deveria. Mas faço em prol de um bem maior. Um bem, que pudesse estar ou ser, pequenino, sem forças, nascente. Muitas vezes apenas promessa decente.

Caminho sem pernas, mais no pensamento, no vento, no mundo criado por poucos, alentado por tantos. Um mundo de verdades, de erros improváveis, não mensuráveis, sem julgamento, sem tento.

Caminho na luz dos olhos que reluzem estrelas, e mesmo sem vê-las sei que ali estão, vivas ou não. Mas o que importa ? Onde estiveram deixaram história, memória. Se o brilho se apagou, se o ciclo acabou, alguém fez um pedido e nesse lapso um presente: a eternidade na história.

Juro querer sempre ser o todo, o muito, o contínuo.
Juro tentar entender sempre. Entender a incógnita nas equações de palavras. Palavras jogadas sem fé ou perdão.
Juro buscar o caminho melhor, não 0 menor.
Juro sem medo de errar.
Juro trilhar outra vez.

sábado, 15 de agosto de 2009

Do barro, da vida


Não, nem tudo está em suas mãos.
Há o pouco, o punhado de areia que escapa seca, fina e branca.
Há também o barro úmido que não se esvai e deixa partir somente a água que parte e o deixa em partes ressequidas.
O barro só se vai após a água partir, seco sem algo que o faça inteiro.
Das partes que somos, secos, partimos, nos espalhamos pulverizados.
Talvez fazendo parte de outra parte, talvez perdidos em partes soltos e ínfimos.
Mas há a chuva que sempre vem e de tempos em tempos recolhe os grãos, o pó, os despedaçados.
E novamente há o barro, o ciclo.
Vida que retorna em partes de tantos.
Tantos que repartem vida a muitos.
Muitos que nem sabem que vivem
Vida que reparte vida.