domingo, 24 de maio de 2009

Amor, sublime amor

Amor
Palavra estranha e que de tão desmesurada
muitas vezes escorre e se esvai.

O tempo passa mas o significado não me ocorre.
Ele cresce, multiplica e se traduz em paz, aceitação.

Amor, sublime amor. Sublime, superior, inexplicável, inexorável, imutável.

Por quanto tempo o homem consegue carregar o amor ?
Seu fardo pode ser por demais pesado para ombros tão frágeis.
Por demais brilhante para olhos tão cerrados.
Por demais perfumado para olfato impregnado das coisas do mundo.

Por quanto tempo um homem pode perceber o amor ?
Translúcido, inodoro, imaterial.

Talvez nunca.
Talvez pra sempre.

Talvez ou nunca.

domingo, 17 de maio de 2009

Menina

Visceral.
Vejo uma lâmpada, remédios, fios emaranhados.
Tudo se torna escuro aos poucos.
Não posso mais distinguir a lâmpada dos fios...

Ao fundo uma melodia doce baila ao frio matinal.

O sol timidamente aparece e invade minha janela
roubando a tranquilidade e o torpor da canção.
Mas a canção cresce como que dando boas vindas ao dia que nasce

O cão ainda dorme, a menina ainda dorme, a lâmpada não está acesa.

Ainda mais forte insiste a melodia que cresce e cresce.

As portas se abrem, o vento gélido penetra sem piedade.
As folhas amareladas, sem pedir nenhuma licença, cobrem a varanda.
Cama gélida que o sol timidamente repousa.

Esfregue os olhos, menina !
Em seus pequenos sapatos, mais um dia inteiro.
Em seus cachos negros pululam as idéias, os arco-íris.
Em suas mãos de travesseiro, a vida que brota desmesuradamente,
sem escolha, sem pensamento, sem querer.
Venha ao mundo real. Traga a música e a cor,
A suavidade e o desembaraço.

Caminhe até o rio de águas claras
onde os peixes e as pedras lhe presenteiam com um balé.
Ao entrar no rio deixe seus cachos negros encher de cores o rio.
Um arco íris a romper os céus.
Do leito do rio leve somente pequenas pedras,
escolhidas com cuidado e um pouco d'água límpida.

Volte pra mim menina, e traga a água, a música a as cores.

Máscaras Cotidianas

Máscaras Cotidianas, Máscaras Urbanas.

Máscaras...
Máscaras domésticas,
Máscaras comerciais,
Máscaras afetivas,
Máscaras...

Simples objeto de proteção ? De adorno ?
Posturas diferentes para diferentes situações sociais ?
Diferentes papéis vividos
ou uma personalidade de colcha de retalhos ?

Camaleões urbanos em permanente mutação de cores,
de camuflagem, ou exibicionismo?

Somos diversos, somos muitos, somos mais,
Somos muitas faces que se revelam e se escondem.
Que se misturam e se completam.
Somos nós por inteiro ou pela metade.

Tudo levar, tudo deixar,
Tudo ser, tudo ter.

Bolsos sobrepostos para nada esquecer (ou tudo esconder?),
A cada instância uma necessidade.

Somos um emaranhado de nós mesmos e de tantos que por aqui passaram
Carregamos um pouco de todos e deixamos um pouco de nós...