quarta-feira, 17 de março de 2010

Rainhas

Nem um ponto
Nem um conto
Parto para o absurdo de um mundo sem propósito

Um mundo onde a soberania sobrepuja o bom senso
O desejo a necessidade
O poder a razão

Sinto o peso indomável de minhas escolhas
Como numa guerra de travesseiro onde tudo posso
Um chuva de confeti, uma proibição de serpentina

Mundo de nada

Nado
Nado
Não chego e me afogo

Afogamento sem mágoa
Sem dúvida ou dívida
Misto de queijo com queijo
Uma leve sensação de perda
De ausência, de vazio.

Parto de um mundo que não queria nascer
Mas é chegada a hora
E a contra mão é a única saída
Vá, encontre seu destino.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Bufões


Sim, digamos tudo
Apenas para quem sabe ouvir, quem quer ouvir
Ou ainda quem foi escolhido para entender

Não, não exponha assim, não me deflagre a mim
Não me escute, não se entenda, Não se aceite

Sou a contradição de muitos, a percepção de poucos
A loucura e a mansidão

Sim, me perco no tempo e no espaço
E acho que faço o que digo
e que sou o que penso

Ando aos tropeços
Cabeça erguida em nuvens
Pisando firme, em falso, de lado
Como um gato que corre atrás de novelos
E atrás dele, fios espalhados por toda parte, expostos
Quanto menor, mais fácil, menos interessante...
Um tanto perverso, um tanto sórdido

Um tanto triste, melancólico
Um tanto hostil,
um tanto

sábado, 6 de março de 2010

Rainhas e bufões


Ninguém deveria querer lutar com rainhas.
Elas são e pronto.
Umas vez nomeadas, assim serão eternamente, mesmo sendo o eterno grande demais.

Mas o que seriam as rainhas ?
As que detém o poder, soberania, e altivez ?

Talvez não, talvez mais.
Talvez sejam aquelas que detém a atenção e honra dos pobres bobos da corte.
E nas suas piruetas e folguedos a enredam em graça e privilégios.

Bufões, arlequins dissimulados que se esgueiram pelos úmidos córregos margeadores das pequenas vilas e cidadelas do reino.
E a vida flui, no mesmo córrego, no mesmo ritmo, na mesma tonalidade esverdeada e fria.

Em suas firulas e estratégias os bufões falam do ridículo.
Espalham verdades
Espelham absurdos
Esmeram na graça da desgraça,
da própria desgraça, do próprio infortúnio.

E onde as rainhas?
Do mais alto quarto de sua mais alta torre, ela adormece.
Seu sono de rainha, seu sorriso de princesa.
Num coração de menina num mundo de faz-de-conta.

As cores dos bobos divertem,
Seus modos transgridem a paz empoeirada do castelo
O bolor de cada canto é deflagrado com sua música

Vamos, levante-se!

As rainhas permanecem, os bobos são volantes
De acordo com sua esperteza e sagacidade eles se demoram mais ou menos em seus postos...
- Cortem sua cabeça!
Por falar demais,
cantar demais,
colorir demais

Traga outro, ao menos mudam a fantasia...